
Platão – filósofo, astrônomo e matemático – escreveu o diálogo “Timeu”, por volta de 360 a.C., onde apresenta a especulação sobre a natureza do mundo físico e os seres humanos.
A natureza do homem se funda na do próprio universo. Por isso, devemos começar pela origem do universo, investigando as causas de sua harmonia e em seguida a origem do homem e a harmonia que deve reger sua alma.
Através desse trabalho, Platão constrói sua filosofia da natureza. É o próprio Timeu que envolvido numa conversa com Sócrates, Crítias e Hermócrates, narra aos companheiros como teria sido o nascimento do universo em que vivemos e a formação dos astros e dos seres vivos.
Através da exposição dos instrumentos por meio dos quais Platão acreditava ser possível conhecer a Alma do Mundo e que, por sua vez, correspondem aos conhecimentos astronômicos, matemáticos e musicais, cultura esta que pode nos aproximas dessa Alma, via sua estrutura visível: a abóboda celeste, composta de constelações do zodíaco e do movimento do Sol, da Lua e dos planetas que por ela circundam.
A essa estrutura visível, Platão denominou o “círculo do Outro” que, misturados, originam um terceiro elemento, a Existência. A base metafísica sobre a qual se ergue toda a explanação cosmológica de Timeu é a existência de dois mundos, segundo o qual, o segundo nada mais é do que a imitação do primeiro.
O saber astrológico também não foge a esse princípio geral das ciências e, como todo saber, pressupõe uma visão global do mundo que o respalde e o fundamente em suas afirmações.
É bem conhecida a influência que sofreu a astrologia da visão de mundo encontrada em Platão no seu diálogo – Timeu.
Muitos séculos depois, encontramos Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716), um grande matemático, que dividiu com Isaac Newton, o título de inventor do cálculo.
Leibniz tentou descobrir uma linguagem universal entre os homens. Linguagem essa que ele denominou Mathesis Universalis.
Foi ele que também criou um dos sistemas metafísicos mais originais da história da filosofia, tão marcante que baseou o currículo filosófico nas universidades alemães por quase um século.
Leibniz compartilhava com Descartes e Espinosa (com quem se correspondia) uma série de crenças básicas. Como os dois outros filósofos, admirava o rigor e a clareza da matemática e tomava o modelo dedutivo como paradigma para a filosofia – característica dos filósofos da corrente racionalista.
Para os racionalistas, o conceito de substância tem um papel de destaque. Para eles, a realidade é dual: de um lado, temos a substância pensante – mente e espírito – e, de outro, temos a substância extensa – corpo ou matéria.
Espinosa, sem abandonar a noção de substância, responde ao dualismo cartesiano, demonstrando que se levarmos a sério essa noção, teremos de afirmar, que há apenas uma substância: essa é a ideia da imanência de Deus ou da Natureza proposta pelo filósofo.
Leibniz vai propor uma metafisica fundamental pluralista: nem duas e nem uma substância, mas uma pluralidade infinita de substâncias – as mônadas.
Todo ente, vai dizer Leibniz, é composto ou simples. A substância, ou seja, o substrato último da realidade, é simples. É aquilo que tudo o mais é composto. Se ela é simples, então não pode ter partes. Ora, se não pode ter partes, não pode ser dividida.
Portanto, esses componentes últimos da realidade – as substâncias – não podem ser pensados à maneira dos átomos dos filósofos atomistas, depois apropriados pela teoria física: são mais adequadamente pensados como substâncias espirituais. Leibniz vai chamar essas substâncias de mônadas.
A existência das mônadas é afirmada por Leibniz como uma necessidade lógica, descoberta pela pura razão. Muito do que diz Leibniz sobre as mônadas decorre logicamente do fato de que são substância simples, Se são simples, não podem ter partes. Se não têm partes, são indestrutíveis porque a destruição envolve a separação das partes. E Leibniz conclui, afirmando que as mônadas só podem ser criadas ou aniquiladas pela vontade de Deus. Da mesma forma, não podem ser afetadas pela ação de outra coisa, já que, segundo o filósofo, ser afetado implica, em alguma medida, ter suas partes alteradas ou modificadas.
Uma das ideias é de que as mônadas já contém em si todo o seu desenvolvimento, todas as suas variações. As mônadas como unidades fechadas implicam na conclusão de que devem conter em si mesmas todas as suas variações sucessivas.
Em seu Livro Vermelho, Carl G. Jung – criador da Psicologia Analítica – nos diz que a mandala representa essa mônada e corresponde à natureza microcósmica.
Em astrologia podemos imaginar que a mandala individual – uma mônada – é algo que corresponde ao universo do sujeito nascente e que engloba – como a própria psicanálise sustenta – todo o simbólico pré-existente dentro daquele núcleo familiar e de seus adjetivos pátrios.
Para exemplificar a ideia de mônada, a seguir mostraremos a imagem de uma mandala astrológica.

Praticamos uma Astrologia sob a ótica da Psicanálise fundada por Freud e reavaliada por Jacques Lacan. Assim, vamos apresentar a seguir um texto que nos dará uma ideia de como esse trabalho é possível.