AST.16 – AS PULSÕES DE VIDA E DE MORTE E O PLANETA MARTE

Desde o “Projeto para uma psicologia científica, Freud estabeleceu as bases para o que seria conhecida posteriormente como pulsão de morte. Nela, o autor buscava de uma forma neurológica explicar o funcionamento do aparelho mental e falava da existência de um quantum que circula e movimenta o aparelho.

         Apesar de que, nessa época, a teoria ser neurológica, ela serviu de base para uma teoria do aparelho psíquico proposto um pouco mais tarde em “Além do Princípio do prazer (1920)”, onde a teoria evoluiu para a ideia de pulsões de vida e de morte.

         Um pouco antes, em “A pulsão e seus destinos (1915)”, uma compreensão dualista já se desprende do “neurologismo” e é compreendida como um “modus operandi” do aparelho psíquico. Ainda nesse trabalho, Freud considerava como pulsão os estímulos que se originam dentro do organismo, havendo a tendência a reduzir esses estímulos como apenas uma função do aparelho mental.

Freud só vai atribuir o status de pulsão ao princípio de constância em “Além do princípio do prazer”. Nesse trabalho, Freud compreendeu que o aparelho mental visava a dominar os estímulos, chegando o autor a afirmar que o objeto de toda a vida é chegar a um estado de inatividade (gozo/morte) e que  a tendência do organismo à mudança e ao progresso tem uma aparência enganosa.

Compulsão à repetição

         Em “Recordar, repetir e elaborar (1914)”, Freud se depara com observações clínicas que dão indícios de que existem conteúdos que não podem ser recordados e, portanto, não se apresentam como lembranças e acabam por surgir como atuação, havendo uma tendência do paciente em terapia a repetir conteúdos, mesmo os que trariam sofrimento e/ou que levassem à patologia.

         Essa “incoerência” implicava em desconsiderar outra tendência do psiquismo  evitar o desprazer, conhecido como “princípio do Prazer”.

         Freud percebeu essa contradição mas, ao mesmo tempo, constatou que, na verdade, tratava-se de algo que, em seu fim maior, buscava realizar um trabalho para que o Princípio do Prazer pudesse vir a entrar em cena. O que o psiquismo buscava era uma forma de “domar” esses conteúdos e, assim, lograr a constância e o equilíbrio mental.

         Um exemplo que Freud cita é a de brincadeiras de crianças que ao se divertir vendo ou recriando situações angustiantes – ouvindo histórias que metem medo ou vendo um filme de terror – ou ainda, num episódio de separação da mãe, percebemos que a satisfação se dá por essas crianças conseguirem diminuir seu desprazer pela vinculação da energia que levava à experiência de desprazer.

Assim, Freud entendeu que haveria uma forma de vincular a energia psíquica numa tentativa de dominá-la e transformá-la em algo não tão traumatizante. A repetição de situações anteriores permitia ao sujeito dominar os estímulos e, desse modo, obter cada vez mais vivências menos traumatizantes, permitindo manter experiências com mais constância e equilíbrio.

         Nesse momento, Freud continuava frente à tendência do organismo buscar a inanição e a ausência de excitação, opondo-se fundamentalmente à concepção de pulsões do ego e objetais que falam de investimento, catexia (encadeamento de pensamentos), etc.

Em seu trabalho “Sobre o Narcisismo: uma introdução (1914)”, Freud propõe que o próprio ego se encontra catexizado pela libido, de forma que as energias das pulsões seriam libidinais. Nesse trabalho, Freud nos fala que os investimentos libidinais podem ser direcionados ao próprio ego ou a seus objetos. Aqui interrompemos porque se trata de um assunto ligado ao planeta Vênus.

Marte e sua influência

Na mitologia, Marte é conhecido como o deus da guerra. Para os gregos ele é um deus violento e agressivo e para os romanos, ele é corajoso e protetor de seu povo.
Na astrologia é o regente do signo de Áries e co-regente do signo de Escorpião, representando a força e a energia que nos auxilia para conquistarmos nossos objetivos.
Também representa o nosso fator de sobrevivência, força de vontade e sexualidade. Tem a natureza tipicamente masculina e representa a energia direcionada para o sentido de agir, ser e conquistar.

Na mitologia grega, Áries era o único filho varão de Zeus e Hera, senhores do Olimpo. Era o deus da guerra e adorava uma briga. Era sempre visto comandando uma biga (espécie de charrete), puxada por dois cavalos negros – Demos e Phobos – Espanto e Medo. Todos se assustavam à sua chegada e seus berros estridentes eram ouvidos nos quatro cantos da terra. Impulsivo, não hesitava em desafiar a quem quer que fosse e chegou mesmo a enfrentar algumas vezes as temidas Parcas, senhoras do Destino (revelando certa ingenuidade). Áries nunca se casou mas, como um bom conquistador teve inúmeros romances. O mais conhecido foi com Afrodite, deusa da beleza e do amor. Dessa ligação nasceu Eros, deus dos apaixonados que até hoje é representado por um lindo menino alado.

Vem de Marte a palavra marcial. As lutas marciais e as forças armadas são protegidas por esse deus. Marte é chamado de planeta vermelho, em virtude de óxido de ferro no solo.

Astrologia psicanalítica

A Fase Oral e a Astrologia.

Representamos a Fase Oral em Astrologia como o começo da vida – essa Casa se inicia no ponto Ascendente. Caracteriza também o corpo físico do futuro sujeito, sua constituição e aparência. Se o signo de Áries rege essa casa astrológica, muitas vezes, nos indica pessoas extrovertidas, corajosas, guerreiras, capazes de alcançar seus objetivos.

O planeta Marte, regente do signo de Áries, representa uma energia vital que é responsável por nossa atividade e que demonstra nossa capacidade de agressão. Astronomicamente é o primeiro planeta exterior à Terra. Possui cor avermelhada e sua revolução em torno do Sol é de aproximadamente 687 dias, ou sejam, um ano e pouco mais de dez meses. Fisiologicamente rege as glândulas sexuais.

Na mitologia grega, temos o mito de Jasão que nos auxilia o entendimento do signo de Áries.

O mito de Jasão e o Velocino (Pele) de Ouro.

Jasão nasceu no reino de Ioco e era filho do herdeiro do trono, Esão. Esse foi destronado e condenado à morte por seu meio-irmão, Pélias. Desde menino, Jasão experimentou as amarguras do exílio, pois foi enviado para longe. Quando retornou à sua cidade natal, perto de seus vinte anos, vestia uma estranha indumentária: estava coberto por uma pele de pantera, calçava uma sandália (somente em um pé) e tinha uma lança em cada mão.

Aqui cabe uma análise interessante: viver no exílio remete muitas vezes aos nascidos no signo de Áries, mas também aos nascidos em  qualquer que apresente o Sol na casa um, a ideia de uma vida com bom graus de solidão. A dificuldade aqui é aprender a lidar com essa solidão. No caso da sandália única, Pélias havia recebido de seu oráculo que seria morto por um homem que usasse só uma sandália e, além disso, um dos simbolismos possíveis para um pé descalço é infortúnio. Na Astrologia, há a necessidade do Ariano buscar no signo oposto, Libra, algum tipo de parceria.

A lança em cada mão demonstra o espírito guerreiro do signo.

Quando o rei, que era seu tio, o viu ficou muito assustado, pois havia recebido do oráculo de Apolo a advertência. Quando Jasão reclamou o trono, o rei impôs uma condição de que daria a posse do reino àquele que conquistasse o Velocino de Ouro.

Este, seria um velo (uma pele) de um carneiro voador dado à Frixo (primo de Jasão) para salvá-lo de sua madrasta que desejava matá-lo. Frixo chegou são e salvo ao seu destino, sacrificou o animal voador à Zeus e ofereceu o Velo de Ouro ao rei. Este o consagrou ao deus e cravou-o num carvalho (símbolo de força moral e física) no bosque sagrado do deus da guerra.

Jasão, na intenção de conseguir o Velo de Ouro, convocou um arauto através de toda a Grécia e mais de 50 heróis apareceram para a missão, dentre eles Hércules, Castor e Pólux e outros. Construíram o navio Argo que foi lançado ao mar em cerimônia solene.

Vivenciaram vários tipos de aventuras, mas uma das maiores, ocorreu quando foram ultrapassar os Rochedos Azuis. Eram dois recifes móveis que se fechavam violentamente quando qualquer coisa ousasse passar em seu meio, esmagando o que quer que fosse. Entretanto, eles sabiam que deveriam se fazer proceder por uma pomba. Se ela conseguisse cruzar os rochedos, eles também conseguiriam.

A pomba conseguiu cruzar a salvo, mas foi atingida em suas penas finais. Elas foram cortadas. Assim, a nau também conseguiu efetuar a travessia, mas ao final, a popa do barco foi ligeiramente atingida. Após essa passagem, os rochedos se imobilizaram, pois quando algum navio conseguisse ultrapassá-los, eles jamais tornariam a se fechar.

Chegaram enfim à Cólquida. Jasão então se dirigiu à corte de Eetes, pai de Calciope, Medéia e Apsirto e disse a que vinha. Este se prontificou a devolver o Velocino, mas propôs ao herói quatro tarefas que deveriam ser realizadas num único dia (tarefas praticamente impossíveis de serem realizadas).

A primeira era colocar o jugo – peça de madeira encaixada sobre a cabeça de dois animais – em dois touros bravos, que lançavam chamas pelas narinas e atrelá-los a uma charrua – tipo de um arado – de diamante.

A segunda era lavrar com esses animais uma vasta área e semear (distribuir) dentes de um dragão (ofertados ao herói pelo próprio Eetes). A terceira consistia em matar os gigantes que nasceriam desses dentes e, finalmente, a quarta seria eliminar o dragão que guardava o Velocino no bosque sagrado do deus da guerra.

Jasão já estava para desistir quando surgiu Medéia, que era mágica e sentia-se apaixonada por ele. O herói prometeu casar-se com ela e levá-la para a Grécia. Então ela lhe ofereceu um recurso para vencer as provas: um bálsamo que o tornava invulnerável ao ferro e fogo. Medéia, com sua mágica, fez dormir o dragão que guardava o Velocino e Jasão o atravessou com sua lança.

Entretanto, Eetes (similar ao Pai Terrível da Horda Primitiva – Totem e Tabu de Freud) se recusou a possibilitar a saída do Velocino. Jasão e Medéia roubaram então o objeto e o navio retornaram alguns anos após a partida.

Porém, ao voltar à  Iolco, Jasão cansou-se de Medéia, passando a cortejar a filha do rei de Corinto, abandonando assim, a aliança que tinha feito com ela.

Dessa forma, Jasão enfureceu Medéia. Ela não só assassinou a nova noiva, mas também os próprios filhos que tivera com Jasão, fugindo numa carruagem conduzida por dragões alados e deixando seu antigo amor com uma maldição.

Um dia, Jasão encontrava-se perto de sua nau e algo terrível se concretizou: mal teve tempo de erguer seus olhos e o mastro gigantesco da nau caiu sobre ele. Assim termina a história de um dos maiores heróis da mitologia grega.

O que nos ensina a Primeira Casa Astrológica.

Segundo o psicanalista Jacques Lacan, o herói, nessa posição possui uma relação imaginária, despedaçante. Seus pais são mortíferos. Ao receber a ajuda de Medéia para efetivar suas conquistas, Jasão simboliza o sujeito com uma atitude passiva, causa de suprema angústia. É necessário um forte apelo ao Pai Simbólico. No decorrer de sua vida, o herói (a heroína) deve buscar uma saída simbólica através de seus próprios esforços, suas próprias conquistas.

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LUIZ ROBERTO

LUIZ ROBERTO

Esta foi a forma que encontrei para pesquisar e aprofundar os estudos que combinam dois saberes – Psicanálise e Astrologia. A Psicanálise aqui referida é aquela descoberta e desenvolvida por Sigmund Freud, a partir de seu trabalho clínico e que constituiu o alicerce desse saber. Utilizo ainda alguns conceitos teóricos de Jacques-Marie Émile Lacan.

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