AST.15 – A FANTASIA FUNDAMENTAL DA PSICANÁLISE E O EIXO CASAS 5 E 11 DA ASTROLOGIA

Responsabilizar-se pelo próprio desejo é (psicanaliticamente) sair do lugar de objeto e tornar-se sujeito da própria realidade, o que significa em conseguir lidar criativamente com sua fantasia e não submeter-se a ela passivamente.[1]

A fantasia fundamental é da ordem do recalque primário. É o resquício da infância, a conservação de algo das primeiras experiências de satisfação movidas pelo “princípio do prazer” e, posteriormente, submetidas ao “princípio de realidade”. Como uma atividade mental é uma invenção, pois carece de materialidade.

Lacan conceberá o fim de uma análise como uma questão ligada à fantasia. Essa é uma espécie de matriz psíquica que funciona como mediatizando o encontro do sujeito com o Real. Ela é uma matriz simbólico-imaginária que permite ao sujeito fazer face ao real do gozo (Plutão).

Em seus artigos, Freud estabelece a diferença entre fantasia e delírio: na neurose há um certo vínculo com a realidade. Na psicose, esse vínculo não existe e o psicótico  se utiliza do delírio para tentar uma simbolização (estruturação pela linguagem) – lógica do delírio paranoico – perda radical da realidade.

A fantasia surge a partir de uma operação chamada recalque originário (cúspide da Casa Cinco), operação organizada por um significante, aquele chamado Nome-do-Pai (signo regente da Casa Cinco).

  O recalque originário resulta sobre o psiquismo da criança a imediata instauração dessa matriz psíquica: a fantasia. Essa, por sua vez, fará com que aquilo que era somente empuxo-ao-gozo, como dizia Lacan – pulsão de morte, empuxo na direção da morte (psíquica) – seja freado e passe a ser uma região na qual a pulsão de morte seja sexualizada.

Nessa região, a fantasia passa a dominar pelo menos um trajeto dessa pulsão de morte. É o que Freud chamava de pulsão de vida e que, para nós, é a pulsão sexual.

Do lado da pulsão sexual, temos o princípio do prazer, dominado pela fantasia, e ao lado da pulsão de morte, o mais além do princípio do prazer, assim designado por Freud.

Isso ocorre nas neuroses e perversões. Em ambas, há ação do Nome-do-Pai, há recalque originário e, como consequência, a instauração da matriz psíquica chamada de fantasia inconsciente fundamental(signo que rege a Casa Onze).

Na psicose, essa constelação não ocorre porque a foraclusão (rejeição) do significante Nome-do-Pai produz uma falha no recalque originário de tal modo que essa fantasia não se instaura e, por causa disso, o psicótico tenderá a, no melhor dos casos, a produzir um delírio que preencherá essa lacuna, esse vazio. O vazio aqui descrito é a própria psicose.

Se a fantasia é o elemento que se instaura para a criança como uma verdadeira contrapartida ao gozo que ela perdeu,  fantasia se dá, essencialmente, como uma fantasia de completude. Ela é inerente à estrutura do falante. Houve perda de gozo. A fantasia instaurada é uma tentativa de recuperação daquela que foi perdida.

O que mais importa na travessia da fantasia não é ter acesso ao “todo” da fantasia, mas que o sujeito ascenda à dimensão do desejo. Ele, aqui, está inscrito enquanto falta e é a presentificação daquela perda do gozo que esteve na origem  da entrada do sujeito no mundo humano (simbólico).

Nessa questão, existe um problema. A fantasia tem dois lados: um deles nos permite a salvação, mas por outro, é uma patogenia. Pelo fato que ele pode nos salvar do desamparo absoluto no qual estamos fadados pela pulsão de morte, por outro, podemos nos agarrar a ele com “unhas e dentes”. É o que Freud chamou de fixação (lembremos que na astrologia, a Casa Onze – a da fantasia fundamental – pertence a um signo fixo.

Podemos nos agarrar à fantasia com tal intensidade que ela passa a ser um núcleo de nossa vida e, passamos a produzir uma série de “sintomas”, que vão ser a perpetração constante de nossa relação com a fantasia. Dupla face: uma de salvação e outra da produção patológica.

Podemos registrar ainda que a Casa Onze astrológica faz quadratura com a Casa Dois, onde reside os nossos desejos mais infantis. Utilizar a estrutura do signo que rege essa casa não seria uma solução possível para construir um caminho de realização de nossos desejos?


[1] Esse artigo pautou-se nos escritos técnicos do Prof. Dr. Marco Antônio Coutinho Jorge em seu livro “Fundamentos da psicanálise de Freud à Lacan – vol. 2: A clínica da fantasia”, Zahar Ed.: Rio de Janeiro, 2010.

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LUIZ ROBERTO

LUIZ ROBERTO

Esta foi a forma que encontrei para pesquisar e aprofundar os estudos que combinam dois saberes – Psicanálise e Astrologia. A Psicanálise aqui referida é aquela descoberta e desenvolvida por Sigmund Freud, a partir de seu trabalho clínico e que constituiu o alicerce desse saber. Utilizo ainda alguns conceitos teóricos de Jacques-Marie Émile Lacan.

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